O Instituto Português de Oncologia (IPO) de Lisboa e o Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA) abriram esta quarta-feira processos de averiguações para apurar as responsabilidades no atraso do resultado de um exame urgente de um doente com cancro do pulmão, acompanhado no Hospital de Portimão. A decisão surgiu na sequência da notícia avançada esta quarta-feira pelo
CM/
CMTV.
O grupo parlamentar do PSD entregou na Comissão Parlamentar de Saúde um requerimento para que sejam ouvidos com "caráter de urgência" a ministra da Saúde, Marta Temido, e as administrações hospitalares do IPO e do CHUA. O deputado do PSD, Cristóvão Norte, explicou ao
CM que se trata de uma luta contra a "cruel desumanização" do Serviço Nacional de Saúde.
O Ministério da Saúde adiantou ao
CM que está a acompanhar a situação e confirmou a abertura de processos de averiguação por parte dos respetivos hospitais. Em resposta ao
CM, adiantou que há a "disponibilidade para aperfeiçoar os procedimentos de articulação" entre as duas instituições.
Uma simplificação de processos que pode ser decisiva para ultrapassar a burocracia financeira que atrasou 27 dias a receção por parte do IPO de Lisboa do exame de António Marques, de 61 anos, que sofria de cancro do pulmão.
O exame do doente tinha sido enviado no dia 23 de janeiro pelo CHUA para o IPO de Lisboa, que o recusou nessa data pela falta do termo de responsabilidade, ou seja, uma garantia de pagamento.
O exame de António Marques acabou por ser recebido no IPO apenas no dia 21 de fevereiro, tendo o resultado sido revelado 6 dias depois, no dia 27, como consta na documentação do IPO à qual o
CM teve acesso. Passaram 50 dias desde a colheita até se saber o resultado do exame. António Marques não resistiu e morreu em 27 de março, sem fazer quimioterapia.
PORMENORESExames pedidos ao IPO O
CM apurou que 73 exames de mutações do gene foram enviados pelo CHUA para o IPO de Lisboa em 2018: 43 pedidos de Faro e 30 de Portimão. O CHUA garantiu ao
CM que neste momento não há exames por enviar.
Profissionais elogiados"Os médicos e enfermeiros tiveram um comportamento exemplar em todas estas situações." Quem o diz é o deputado Cristóvão Norte, que à semelhança de Teresa Marques, viúva de António Marques, reforça a ajuda prestada pelos profissionais durante todo este processo.